Trilhas e sabores - percursos dos tropeiros nas Minas Gerais
Camila Koshiba Gonçalves*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Reconhecer as características de relevo e clima das regiões cortadas pela Estrada Real.
2) Relacionar a itinerância à atividade tropeira.
3) Relacionar a conhecida receita do feijão tropeiro à itinerância.
4) Relacionar a consolidação de um mercado interno colonial à atividade tropeira.
Ponto de partida
1) Ler os itens "Entradas e bandeiras, "Riquezas e escravos" e "São Vicente e São Paulo", do texto Expansão territorial, do site Educação;
2) Ler o item "Região Sudeste", do texto Comida também é cultura, no site Educação;
3) Ler uma receita para fazer feijão tropeiro. (Sugerimos: 500 g de feijão carioca ou roxinho; 200 g de farinha de mandioca; 200 g de toucinho de porco ou bacon; 1 concha de gordura de porco;1 colher de sal de alho; 1 cebola média em cubinhos; 5 ovos; cheiro verde a gosto; pimenta a gosto).
4) Disponibilizar o mapa da estrada, que se encontra no site do Instituto da Estrada Real para os alunos. (Devido a impossibilidade de se postar o mapa, indico o site: http://www.estradareal.org.br/estra_real/index.asp)
Justificativa
Afinal de contas, o feijão tropeiro é paulista ou mineiro? Para um bom observador dos mapas históricos da época da mineração, não basta dar a resposta em uma palavra. Os caminhos percorridos pelos tropeiros demonstram que as mulas que eles montavam carregavam muito mais do que suprimentos para os habitantes das Minas Gerais. Músicas, hábitos, pratos, tudo era produzido para garantir sua mobilidade pelos caminhos da colônia e também a sua própria sobrevivência.
Estratégias
1) Ler a receita do feijão tropeiro com os alunos. Relacionar a receita à culinária mineira e paulista.
2) Localizar no mapa da economia colonial do século 18 os locais onde esses ingredientes poderiam ser obtidos na colônia.
3) Trabalhar com os alunos os pontos que se interligam através da Estrada Real (Distrito Diamantino, Ouro Preto como ponto de confluência dos diamantes e ouro, Parati e Rio de Janeiro como portos para escoamento das riquezas até a Metrópole).
4) Identificar a Serra da Mantiqueira, a Serra do Mar e a Serra da Bocaina, caracterizar a flora, o relevo e as condições climáticas ali existentes, e indicar as dificuldades que os tropeiros poderiam enfrentar para transpassá-las. (Esta etapa pode ser realizada em conjunto com o professor de Geografia ou como pesquisa preliminar feita pelos alunos).
5) Relacionar os ingredientes utilizados para cozinhar o feijão tropeiro à necessidade de suportar vários dias de viagem e de transportar alimentos sempre duráveis e secos (carne salgada, armazenada em gordura de porco, farinha de milho ou de mandioca, toucinho e feijão).
6) Relacionar o trempe (suporte de três pernas de madeira verde onde a panela de ferro ficava pendurada sobre o fogo, cozinhando o alimento) à itinerância tropeira.
7) A partir de um mapa da economia colonial do século 18, indicar de que maneira os tropeiros forjaram um mercado interno colonial.
8) Indicar os motivos da economia mineradora em adquirir o gado muar dos tropeiros.
*Camila Koshiba Gonçalves é mestre em história social pela USP e professora do Colégio Ítaca.
Expansão territorial
Riquezas minerais ampliam limites do Brasil
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Riquezas minerais ampliam limites do Brasil
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Diversos fatores contribuíram para o modo como o território brasileiro do período colonial foi sendo ocupado, povoado e, posteriormente, ampliado. Até o fim do século 16, os portugueses pouco conheciam as características das terras do interior da colônia.Mesmo depois do início do processo de colonização, com a criação das capitanias hereditárias, entre 1534 e 1536, e com o estabelecimento do Governo Geral, em 1549; as terras do interior ainda tinham sido pouco exploradas.A colonização do território brasileiro seguiu inicialmente um padrão típico de ocupação e povoamento das regiões litorâneas. Ocupar e povoar o litoral era um fator estratégico para a consolidação da posse de Portugal sobre as novas terras, afastando-se assim o risco de incursões e invasões estrangeiras por mar.
Fixação litorânea
Fixação litorânea
Não foi por acaso que o primeiro governador-geral, Tomé de Souza, instalou a sede do governo na Bahia, fundando a cidade de Salvador. Trata-se de uma localização litorânea estratégica que, além de ser o ponto geográfico mais próximo de Portugal, fica a igual distância das regiões norte e sul do Brasil. Isso permitia que se atingisse os dois extremos do território da forma mais rápida, navegando pelo Atlântico. A longa travessia do oceano para se chegar ao Brasil impôs enormes limitações e entraves para a ocupação e povoamento do interior. A existência de densas florestas e as características geográficas tornavam difíceis o transporte por terra e, por conseguinte, a exploração rotineira do interior brasileiro.
Quando foi iniciada a montagem da produção açucareira, a partir da segunda metade do século 16, os engenhos também se fixaram ao longo das regiões litorâneas, onde havia terras férteis, propícias ao cultivo da cana-de-açúcar, mas também pelas facilidades do carregamento do produto até as embarcações que aportavam e transportavam o açúcar para os mercados consumidores europeus.
Culinária brasileira
Conheça as comidas típicas do Brasil
A culinária brasileira é rica, saborosa e diversificada. Cada um dos estados brasileiros tem seus pratos típicos, preparados de acordo com antigas tradições, que são transmitidas a cada geração.
Conheça as comidas típicas do Brasil
A culinária brasileira é rica, saborosa e diversificada. Cada um dos estados brasileiros tem seus pratos típicos, preparados de acordo com antigas tradições, que são transmitidas a cada geração.
O significado da comida ultrapassa o simples ato de alimentar-se. São muitas as tradições que consideram a hora da refeição como semi-sagrada, de silêncio, compostura e de severidade. Manda-se respeitar a mesa e, no interior, não se comia trazendo armas, chapéu na cabeça ou então sem camisa. Comer junto é aliar-se: a palavra "companheiro" vem do latim "cum panis", de quem compartilha o pão.Entre as diversas comidas tradicionais brasileiras que merecem ser citadas, encontram-se:
Região Sul
Região Sul
No Rio Grande do Sul, nada é mais tradicional do que o churrasco. Também devem ser mencionados o arroz-de-carreteiro e o salame de porco. O chimarrão, feito com erva-mate, tomado em cuia e bomba apropriada, é uma marca registrada do gaúcho. A colonização italiana introduziu a produção de vinho, em especial na região da Serra gaúcha.No Paraná, é comum o barreado, uma mistura de carnes, preparada em panela de barro e acompanhada de farinha de mandioca e banana. Em Santa Catarina, temos as caldeiradas de peixe e, de sobremesa, as tortas de maçã, introduzidas pela imigração alemã.
Região Sudeste
Região Sudeste
O tutu de feijão, a feijoada, a lingüiça, carne de porco e as postas de peixe com pirão são encontradas em diversos Estados da região. No Espírito Santo, há a moqueca capixaba, preparada em panela de barro, com vários tipos de peixe e frutos do mar: marisco, siri, caranguejo, camarão, lagosta, bacalhau, palmito e a tintura de urucum.Em Minas Gerais, há diversos pratos com carne de porco, galinha ao molho pardo ou com quiabo e angu, arroz carreteiro, arroz com galinha, feijão tropeiro, tutu, couve, torresmo e farofa. O pão de queijo, de origem mineira, hoje é encontrado em várias capitais do país. Sobremesas: bolo de fubá, goiabada com queijo, doces em calda (cidra, abóbora, figo) e doce de leite. O Rio de Janeiro contribui com o picadinho de carne com quiabo e o camarão com chuchu.Em São Paulo, a culinária caipira se assemelha à de Minas, mas a colônia italiana introduziu as massas e a pizza. Também merecem destaque os pastéis, tão freqüentes quanto apetitosos. Há quem diga que eles têm origem na China, mas sobre isso não há certeza. Por outro lado, a imigração japonesa também deixou marcas na mesa dos paulistas, em especial na capital, onde há vários restaurantes japoneses.
Região Centro-Oeste
Região Centro-Oeste
Entre outros pratos, podem ser citados o arroz de carreteiro, o escaldado, pacu frito ou assado, peixe com mandioca, frango com guariroba, espeto, quiabo frito, pirão, caldo de piranha, dourado recheado.
Região Nordeste
Região Nordeste
Pratos preparados com peixes são típicos do litoral, enquanto manteiga de garrafa, carne-de-sol e charque representam o sertão. A rapadura é tradicional desde o ciclo da cana-de-açúcar, no início da colonização.A presença africana é nítida na alimentação da Bahia: vatapá, sarapatel, caruru, acarajé, abará, bobó de camarão, xinxim de galinha, moqueca de peixe. O azeite de dendê é o que diferencia e perfuma os alimentos. Entre os doces, há cocadas, quindim, baba de moça e o famoso "bolinho do estudante", feito de tapioca.No litoral de Pernambuco, são tradicionais os peixes, ensopados de camarão e casquinhas de siri. No interior do estado, a carne-de-sol e a buchada de bode ou carneiro. No Ceará, há pratos à base de frutos do mar - caranguejos, siris, camarões, ostras e lagosta. Peixada, acompanhada de farinha. No sertão, carne de sol, baião-de-dois, feijão verde, carneirada e a panelada. Doces, sucos e sorvetes feitos com frutas tropicais: cajá, serigüela, graviola, pitomba, pitanga, jambo, coco. No Rio Grande do Norte, toma-se a alambica (sopa de jerimum com leite).
Região Norte
Região Norte
Caldeirada de tucunaré, tacacá, tapioca, prato no tucupi. De origem indígena, o tacacá é uma sopa com tapioca, camarão seco, pimenta e tucupi, nome de um molho preparado com mandioca e jambu que acompanha o pato ou o peixe. Na sobremesa, doces de castanha-do-pará e frutas típicas: açaí, cupuaçu e graviola. Bolo de macaxeira, baião-de-dois.
Cachaça
A bebida mais típica do Brasil é a aguardente de cana-de-açúcar, ou cachaça, que se encontra em todo o território nacional. Sua popularidade pode ser medida pela quantidade de sinônimos que a imaginação popular deu a essa bebida de alto teor alcoólico:
abre, abre-bondade, abre-coração, abrideira, abridora, aca, ácido, aço, acuicui, a-do-ó, água, água-benta, água-bórica, água-branca, água-bruta, água-de-briga, água-de-cana, água-de-setembro, água-lisa, água-pé, água-pra-tudo, água-que-gato-não-bebe, água-que-passarinho-não-bebe, aguardente, aguarrás, agundu, alicate, alpista, alpiste, amarelinha, amorosa, anacuíta, angico, aninha, apaga-tristeza, a-que-incha, aquela-que-matou-o-guarda, a-que-matou-o-guarda, aquiqui, arapari, ardosa, ardose, ariranha, arrebenta-peito, assina-ponto, assovio-de-cobra, azeite, azougue, azulada, azuladinha, azulina, azulzinha, bafo-de-tigre, baga, bagaceira, baronesa, bataclã, bicarbonato-de-soda, bicha, bichinha, bicho, bico, birinaite, birinata, birita, birrada, bitruca, boa, boa-pra-tudo, bom-pra-tudo, borbulhante, boresca, braba, branca, brande, branquinha, brasa, braseira, braseiro, brasileira, brasileirinha, brava, briba, cachorro-de-engenheiro, caeba, café-branco, caiana, caianarana, caianinha, calibrina, camarada, cambraia, cambrainha, camulaia, cana, cana-capim, cândida, canguara, canha, canicilina, caninha, caninha-verde, canjebrina, canjica, capote-de-pobre, cascabulho, cascarobil, cascavel, catinguenta, catrau, catrau-campeche, catuta, cauim, caúna, caxaramba, caxiri, caxirim, caxixi, cem-virtudes, chá-de-cana, chambirra, champanha-da-terra, chatô, chica, chica-boa, chora-menina, chorinho, choro, chuchu, cidrão, cipinhinha, cipó, cobertor-de-pobre, cobreia, cobreira, coco, concentrada, congonha, conguruti, corta-bainha, cotréia, crislotique, crua, cruaca, cumbe, cumbeca, cumbica, cumulaia, cura-tudo, danada, danadinha, danadona, danguá, delas-frias, delegado-de-laranjeiras, dengosa, desmanchada, desmanchadeira, desmancha-samba, dindinha, doidinha, dona-branca, dormideira, ela, elixir, engenhoca, engasga-gato, espanta-moleque, espiridina, espridina, espírito, esquenta-aqui-dentro, esquenta-corpo, esquenta-dentro, esquenta-por-dentro, estricnina, extrato-hepático, faz-xodó, ferro, filha-de-senhor-de-engenho, filha-do-engenho, filha-do-senhor-do-engenho, fogo, fogosa, forra-peito, fragadô, friinha, fruta, garapa-doida, gás, gasolina, gaspa, gengibirra, girgolina, girumba, glostora, goró, gororoba, gororobinha, gramática, granzosa, gravanji, grogue (CAB), guampa, guarupada, homeopatia, iaiá-me-sacode, igarapé-mirim, imaculada, imbiriba, incha, insquento, isbelique, isca, já-começa, jamaica, januária, jeriba, jeribita, jinjibirra, juçara, junça, jura, jurubita, jurupinga, lágrima-de-virgem, lamparina, lanterneta, lapinga, laprinja, lebrea, lebréia, legume, levanta-velho, limpa, limpa-goela, limpa-olho, limpinha, linda, lindinha, linha-branca, lisa, lisinha, maçangana, maçaranduba, maciça, malafa, malafo, malavo, malunga, malvada, mamadeira, mamãe-de-aluana (ou aluanda ou aruana ou aruanda ou luana ou luanda), mamãe-sacode, manduraba, mandureba, mangaba, mangabinha, marafa, marafo, maria-branca, maria-meu-bem, maria-teimosa, mariquinhas, martelo, marumbis, marvada, marvadinha, mata-bicho, mata-paixão, mateus, melé, meleira, meropéia, meu-consolo, miana, mijo-de-cão, mindorra, minduba, mindubinha, miscorete, mistria, moça-branca, moça-loura, molhadura, monjopina, montuava, morrão, morretiana, muamba, mulata, mulatinha, muncadinho, mundureba, mungango, não-sei-quê, negrita, nó-cego, nordígena, número-um, óleo, óleo-de-cana, omim-fum-fum, oranganje, oroganje, orontanje, oti, otim, otim-fifum, otim-fim-fim, panete, parati, parda, parnaíba, patrícia, pau-de-urubu, pau-no-burro, pau-selado, pé-de-briga, péla-goela, pelecopá, penicilina, perigosa, petróleo, pevide, pílcia, pilóia, pilora, pindaíba, pindaíva, pindonga, pinga, pingada, pinga-mansa, pinguinha, piraçununga, piribita, pirita, pitianga, pitula, porco, porongo, preciosa, prego, presepe, pringoméia, pura, purinha, purona, quebra-goela, quebra-jejum, quebra-munheca, quindim, rama, remédio, restilo, retrós, rija, ripa, roxo-forte, salsaparrilha-de-brístol, samba, santa-branca, santamarense, santa-maria, santinha, santo-onofre-de-bodega, semente-de-arenga, semente-de-arrenga, sete-virtudes, sinhaninha, sinhazinha, sipia, siúba, sorna, sumo-da-cana, sumo-de-cana-torta, suor-de-alambique, suor-de-cana-torta, supupara, suruca, tafiá, tanguara, teimosa, teimosinha, tempero, terebintina, tiguara, tindola, tíner, tinguaciba, tiguara, tiquara, tira-calor, tira-juízo, tira-teima, tira-vergonha, titara, tiúba, tome-juízo, três-martelos, três-tombos, uca, uma-aí, unganjo, upa, urina-de-santo, vela, veneno, venenosa, virge, virgem, xarope-de-grindélia, xarope-dos-bebos, xarope-galeno, ximbica, ximbira, xinabre, xinapre, zuninga.
Apesar de toda a simpatia que lhe dedica a cultura popular brasileira, não se deve esquecer que a cachaça é uma bebida alcoólica e, nesse sentido, seu consumo acarreta vários riscos à saúde. O álcool é uma droga e provoca dependência. O alccolismo é uma doença e provoca outras doenças, como alguns tipos de cânceres e cirrose hepática. De acordo com a lei, é proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade.
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