Luciane Cristina Miranda de Jesus*Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação
Ponto de Partida
1) Ler o primeiro e o terceiro itens do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil.
2) Ler o texto Bandeirantes - Heróis ou vilões? A construção do mito.
Justificativa
A capital paulista, vários municípios da região metropolitana de São Paulo e até mesmo várias outras cidades não só do interior paulista, mas também do interior do Brasil, foram no passado caminhos abertos pelos bandeirantes, em um Brasil inóspito, que se tornaria gigante pela natureza desbravadora e destemida destes bandeirantes, que ora aparecem como vilões e outrora como heróis.
Diante desses juízos de valor é fundamental que os alunos tenham conhecimento sobre a construção da memória mitificada dos bandeirantes paulistas e entendam as intenções dessa construção levando-se em consideração os vários sujeitos históricos envolvidos na preservação dessa memória.
Objetivos
1) Distinguir entre as expedições chamadas de Entradas e de Bandeiras ocorridas durante os primeiros séculos do período colonial brasileiro;
2) Refletir sobre o contexto histórico em que a memória em torno dos bandeirantes passa a ser construída com o intuito de mostrar o passado heróico do Estado de São Paulo.
Estratégias
1) Ao iniciar o estudo sobre os bandeirantes, é importante que o professor faça uma sondagem com os alunos a respeito do assunto. Faça uma tabela na lousa com duas colunas, sendo uma para o conceito de Entradas e outra para o conceito de Bandeiras. Peça aos alunos que verbalizem o que entendem por cada uma dessas nomenclaturas e paralelamente garanta o registro na lousa e os alunos no caderno, para posterior consulta.
2) Apresente aos alunos o primeiro item do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil e aleatoriamente escolha um dos seus alunos para realizar a leitura para toda a classe.
3) Em seguida, após a leitura do conceito de Entradas e de Bandeiras, peça para os alunos consultarem seus registros no caderno e verificarem se alguma conceituação se aproxima da qual foi dada pela historiografia.
4) Agora, apresente os motivos que levaram inúmeros homens a se organizarem nessas expedições desbravadoras não só para o interior, mas também para o litoral. A leitura do terceiro item do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil, cujo subtítulo é "São Vicente e São Paulo" demonstra os vários fatores que motivaram as expedições bandeirantes, como a procura de indígenas para apresamento e venda, metais e pedras preciosas.
5) A partir das etapas já trabalhadas, o professor deverá perguntar qual dos dois títulos serviria para dar aos bandeirantes: heróis ou vilões? É bem possível que os alunos devam ficar como último adjetivo. Portanto, esclareça que a memória em torno dos bandeirantes foi construída de forma positiva e não ao contrário. Cabe agora a leitura do texto Bandeirantes - Heróis ou vilões? A construção do mito.
6) A leitura do texto é ótima para elucidar que classe social forjou uma memória de glorificação do passado dos bandeirantes e os motivos pelos quais forjaram. É interessante esclarecer aos alunos que o conhecimento histórico é interpretação e sendo interpretação, está imbuído de subjetividade e ideologia.
7) Para dar sentido à mitificação dos bandeirantes, peça aos alunos para realizarem uma pesquisa sobre os monumentos construídos na cidade de São Paulo que fazem referência a eles. Também peça para elencarem o nome das principais rodovias que cortam a capital paulista, cujos nomes são de bandeirantes.
Entradas e Bandeiras
Bandeirantes expandiram limites do Brasil
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Foi a partir do século 17 que as terras do interior do Brasil passaram a ser rotineiramente exploradas. O desbravamento e povoação dessas terras foram iniciados por expedições pioneiras chamadas de Entradas e Bandeiras. As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, foram organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação particular, isto é, eram organizadas por colonos que se estabeleceram nos povoados.Os historiadores ainda hoje debatem sobre a caracterização dos dois tipos de expedições, mas ainda assim aceitam a diferenciação mencionada acima. O mais importante é entender os fatores que ocasionaram a criação das Entradas e das Bandeiras e as mudanças que essas expedições provocaram no processo de colonização do Brasil.
Riquezas e escravos
As Entradas e Bandeiras foram expedições organizadas para explorar o interior com o propósito de procurar riquezas minerais, tais como ouro, prata e pedras preciosas. Objetivavam também caçar e apresar índios para escravizá-los. Não era uma tarefa fácil organizá-las, e muito menos explorar o interior do território colonial. Havia a necessidade do preparo de muitas provisões, como alimentos, armas e instrumentos, que deviam ser transportados por animais e pelos próprios exploradores.
Heróis ou vilões?
A construção do mito
Túlio Vilela*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os bandeirantes, nos quadrinhos de "Piratas do Tietê", obra de Laerte
Em nossos livros didáticos o bandeirante foi retratado dessas duas formas: ora herói, ora vilão. Ambas as imagens exageram aspectos verdadeiros da vida dos bandeirantes e ignoram outros.
Figuras polêmicas
Os bandeirantes estão entre as figuras mais polêmicas da história do Brasil. A confusão se dá entre a história dos bandeirantes propriamente dita e a construção da memória em torno deles.A imagem que bandeirantes que há os traz calçados com botas de montar, vestidos com calções de veludo e casacas de couro almofadado. É desse modo que eles aparecem em pinturas, ilustrações de livros e até em estátuas.A pesquisa histórica revela uma realidade bastante diferente: a maioria dos bandeirantes andava descalça e com roupas muito simples. Na verdade, todas as imagens que vemos dos bandeirantes foram feitas muito tempo depois da época em que eles viveram.Expedições que geralmente partiam de São Paulo e eram organizadas com o fim de capturar índios e encontrar ouro e pedras preciosas, as bandeiras existiram do século 16 ao 18, enquanto as pinturas mais antigas sobre o tema foram feitas a partir do século 19, sob a ótica idealizadora do Romantismo.
A construção do mito
Outro fator que contribuiu para o mito do herói bandeirante foi a própria transformação de São Paulo em uma metrópole, que ocorreu muito tempo depois da época dos bandeirantes. No período colonial, São Paulo não passava de um povoado isolado com pouco mais de mil habitantes.O crescimento da economia cafeeira contribuiu para que São Paulo crescesse. A região ganhou a fama de "terra do trabalho", de lugar em progresso. As elites paulistas resolveram difundir uma história idealizada, segundo a qual, as raízes desse progresso já existiam na época dos bandeirantes. Os membros da aristocracia do café seriam os descendentes diretos dos "heróicos bandeirantes".Os paulistas, especialmente os membros da elite, traziam "no sangue" a herança dos bandeirantes, homens valentes que não tinham medo de desafios, o que explicaria porque os paulistas eram trabalhadores dedicados e incansáveis.Repare que esse regionalismo está carregado de preconceito em relação aos habitantes de outras partes do Brasil: São Paulo seria uma exceção, terra de riqueza e progresso num país de miséria e atraso; o paulista leva o trabalho a sério enquanto os brasileiros de outros lugares seriam "preguiçosos".
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