A NOVA RELAÇÃO COM O SABER
João Luís de Almeida Machado
Saber o quê? Saber por quê? Saber para quê? Vivemos na Sociedade da Informação. Adentramos a Era das Tecnologias de Informação e Comunicação. Mas ainda mal respondemos as perguntas que abrem esta reflexão. Dúvidas que acompanham desde os primórdios a humanidade.
Informação é poder dizem alguns. Conhecimento é a chave para o progresso. A maior riqueza da humanidade está na Ciência. E ainda assim, num período como aquele que vivemos, não há certezas quanto a qual tipo de conhecimento é realmente valioso. Há pessoas que pensam que agrega valor o saber que gera ganhos em moeda sonante. Outros dizem que conhecimento que vale ouro é aquele que nos conduz a uma vida mais ímpia, feliz, saudável. Existem ainda grupos de indivíduos que pregam que só há riqueza num conhecimento que ao ser colocado em uso gera ganhos coletivos e não apenas individuais...
Como você pensa? Já parou para responder estas perguntas ou ao menos se deu algum tempo para pensar nas mesmas?
Antes de pensar em bits e bytes temos que refletir sobre as origens do saber, seus propósitos e usos, suas possibilidades e perspectivas, suas aplicações e resultados. O cientista norte-americano John Oppenheimer foi encarregado pelo governo de seu país, no início dos anos 1940, de reunir o maior e mais qualificado grupo de cientistas, técnicos e pesquisadores do mundo em física, matemática, química e afins para criar a energia atômica. Foi informado que os nazistas tinham projeto avançado na Alemanha para a construção dos primeiros artefatos bélicos do gênero [informação esta que não se confirmou]. Em tempo recorde os Estados Unidos mobilizaram uma verdadeira força-tarefa para a criação de igual tecnologia em seu país. Oppenheimer e todos aqueles brilhantes cientistas pensavam estar criando tais recursos para usos pacíficos e, no final, foram surpreendidos e ficaram devastados ao saber do lançamento de little boy e fat man, os nomes que foram dados as bombas de urânio e plutônio, sobre Hiroshima e Nagasaki. Haviam contribuído para a morte de mais de 300 mil pessoas...
É por isso que devemos sempre nos questionar quanto ao porquê, como, quando, onde e para quê... Para evitar que novas bombas atômicas sejam construídas por nós e utilizadas para fins escusos ou reprováveis à nossa revelia...
Nesse exato instante, por exemplo, milhares de pessoas estão compondo textos ou vídeos, tirando fotos, gravando áudios ou estruturando apresentações em PowerPoint ou MovieMaker e as disponibilizando através da Rede Mundial de Computadores para que todo o mundo as conheça. O mundo em rede tornou-se uma realidade. Criou-se uma nova relação com o saber e, certamente isso é fantástico e pode ser fabuloso para o crescimento e a prosperidade do planeta e da humanidade.
Mas já pararam para pensar que há pessoas ganhando muito dinheiro as custas de terceiros sem que, em contrapartida, a elas sejam dados os devidos dividendos? Vou apenas relembrar a recente história do YouTube... Esta tecnologia foi pensada por três jovens norte-americanos por volta dos meses de fevereiro e março de 2005. Dois deles, Chad Hurley e Steve Chen, levaram adiante a proposta, fundaram uma empresa, conseguiram investidores que bancaram os custos iniciais e gastaram aproximadamente 2 ou 3 milhões de dólares no projeto e o colocaram em uso, de fato, em novembro/dezembro de 2005. Por volta de outubro de 2006, a companhia e sua tecnologia foram vendidas por aproximadamente 2 bilhões de dólares para o Google. Seu principal valor era ou é a tecnologia? Não é... Sua principal qualidade foi ter despertado o gosto mundial pela produção e inserção de vídeos na web e ter permitido, com isso, que o YouTube, em menos de um ano de operações regulares, tivesse um cadastro de milhões de vídeos para visualização em qualquer canto do mundo... E, para isso, Hurley e Chen não tiveram que gastar nenhum centavo... E, nem tampouco, se viram obrigados a devolver para os vídeo produtores que abasteceram seu site qualquer tipo de remuneração a partir do que receberam do Google...
A rede mundial de computadores com todos os seus fascinantes recursos e ferramentas, inclusive as tecnologias nas nuvens, que nos permitem armazenar todos os nossos arquivos e documentos online, podem realmente criar uma era sem precedentes para a prosperidade humana, mas a nova relação com o saberensejada pelo advento das TICs precisa ser pensada de forma a não macular-se perante todos ao privilegiar poucos em detrimento de muitos...
E a questão não se trata apenas de lucros e dividendos. As informações que são partilhadas e que estão gerando a lucratividade exacerbada de várias companhias do segmento de tecnologias constituem apenas a ponta do iceberg... Há ainda questões muito mais delicadas, como por exemplo, a perda da privacidade e a utilização das informações deixadas por cada um de nós na internet por empresas privadas, instituições financeiras, governos, hackers, terroristas...
Ao que retornamos as questões do princípio e a elas continuaremos para sempre atados se não nos dispusermos realmente a respondê-las de fato, com propriedade e o máximo de veracidade que pudermos... Saber o quê? Saber por quê? Saber para quê?
João Luís de Almeida Machado
Saber o quê? Saber por quê? Saber para quê? Vivemos na Sociedade da Informação. Adentramos a Era das Tecnologias de Informação e Comunicação. Mas ainda mal respondemos as perguntas que abrem esta reflexão. Dúvidas que acompanham desde os primórdios a humanidade.
Informação é poder dizem alguns. Conhecimento é a chave para o progresso. A maior riqueza da humanidade está na Ciência. E ainda assim, num período como aquele que vivemos, não há certezas quanto a qual tipo de conhecimento é realmente valioso. Há pessoas que pensam que agrega valor o saber que gera ganhos em moeda sonante. Outros dizem que conhecimento que vale ouro é aquele que nos conduz a uma vida mais ímpia, feliz, saudável. Existem ainda grupos de indivíduos que pregam que só há riqueza num conhecimento que ao ser colocado em uso gera ganhos coletivos e não apenas individuais...
Como você pensa? Já parou para responder estas perguntas ou ao menos se deu algum tempo para pensar nas mesmas?
Antes de pensar em bits e bytes temos que refletir sobre as origens do saber, seus propósitos e usos, suas possibilidades e perspectivas, suas aplicações e resultados. O cientista norte-americano John Oppenheimer foi encarregado pelo governo de seu país, no início dos anos 1940, de reunir o maior e mais qualificado grupo de cientistas, técnicos e pesquisadores do mundo em física, matemática, química e afins para criar a energia atômica. Foi informado que os nazistas tinham projeto avançado na Alemanha para a construção dos primeiros artefatos bélicos do gênero [informação esta que não se confirmou]. Em tempo recorde os Estados Unidos mobilizaram uma verdadeira força-tarefa para a criação de igual tecnologia em seu país. Oppenheimer e todos aqueles brilhantes cientistas pensavam estar criando tais recursos para usos pacíficos e, no final, foram surpreendidos e ficaram devastados ao saber do lançamento de little boy e fat man, os nomes que foram dados as bombas de urânio e plutônio, sobre Hiroshima e Nagasaki. Haviam contribuído para a morte de mais de 300 mil pessoas...
É por isso que devemos sempre nos questionar quanto ao porquê, como, quando, onde e para quê... Para evitar que novas bombas atômicas sejam construídas por nós e utilizadas para fins escusos ou reprováveis à nossa revelia...
Nesse exato instante, por exemplo, milhares de pessoas estão compondo textos ou vídeos, tirando fotos, gravando áudios ou estruturando apresentações em PowerPoint ou MovieMaker e as disponibilizando através da Rede Mundial de Computadores para que todo o mundo as conheça. O mundo em rede tornou-se uma realidade. Criou-se uma nova relação com o saber e, certamente isso é fantástico e pode ser fabuloso para o crescimento e a prosperidade do planeta e da humanidade.
Mas já pararam para pensar que há pessoas ganhando muito dinheiro as custas de terceiros sem que, em contrapartida, a elas sejam dados os devidos dividendos? Vou apenas relembrar a recente história do YouTube... Esta tecnologia foi pensada por três jovens norte-americanos por volta dos meses de fevereiro e março de 2005. Dois deles, Chad Hurley e Steve Chen, levaram adiante a proposta, fundaram uma empresa, conseguiram investidores que bancaram os custos iniciais e gastaram aproximadamente 2 ou 3 milhões de dólares no projeto e o colocaram em uso, de fato, em novembro/dezembro de 2005. Por volta de outubro de 2006, a companhia e sua tecnologia foram vendidas por aproximadamente 2 bilhões de dólares para o Google. Seu principal valor era ou é a tecnologia? Não é... Sua principal qualidade foi ter despertado o gosto mundial pela produção e inserção de vídeos na web e ter permitido, com isso, que o YouTube, em menos de um ano de operações regulares, tivesse um cadastro de milhões de vídeos para visualização em qualquer canto do mundo... E, para isso, Hurley e Chen não tiveram que gastar nenhum centavo... E, nem tampouco, se viram obrigados a devolver para os vídeo produtores que abasteceram seu site qualquer tipo de remuneração a partir do que receberam do Google...
A rede mundial de computadores com todos os seus fascinantes recursos e ferramentas, inclusive as tecnologias nas nuvens, que nos permitem armazenar todos os nossos arquivos e documentos online, podem realmente criar uma era sem precedentes para a prosperidade humana, mas a nova relação com o saberensejada pelo advento das TICs precisa ser pensada de forma a não macular-se perante todos ao privilegiar poucos em detrimento de muitos...
E a questão não se trata apenas de lucros e dividendos. As informações que são partilhadas e que estão gerando a lucratividade exacerbada de várias companhias do segmento de tecnologias constituem apenas a ponta do iceberg... Há ainda questões muito mais delicadas, como por exemplo, a perda da privacidade e a utilização das informações deixadas por cada um de nós na internet por empresas privadas, instituições financeiras, governos, hackers, terroristas...
Ao que retornamos as questões do princípio e a elas continuaremos para sempre atados se não nos dispusermos realmente a respondê-las de fato, com propriedade e o máximo de veracidade que pudermos... Saber o quê? Saber por quê? Saber para quê?
Fonte. Acesso: 12/12/2008
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1348
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