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Súplica Cearense

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

África - do séculos V ao XV

AS CIDADES E A VIDA URBANA NA ÁFRICA DO SÉCULO V AO XV.
II – Objetivos:
I – Geral:Analisar os diferentes conceitos de cidade existentes no continente africano dos séculos V ao XV.
II – Específicos:Problematizar a historiografia tradicional e o senso comum de que os povos africanos habitavam apenas florestas, savanas.Caracterizar algumas cidades africanas a partir de descrições de viajantes.Analisar as funções de algumas cidades africanas como centro de comércio, cidades reais e de corte, cidades religiosas, centros culturais, etc.Analisar a arquitetura africana.
III – Metodologia:Texto base: 1º Passo: Analisar o discurso do presidente Luís Inácio Lula da Silva em viagem a Windhoek na Namíbia, onde se espanta ao ver uma cidade limpa e “civilizada”. Leitura do 2º parágrafo do texto anexo.Estou surpreso porque quem chega a Windhoek [capital da Namíbia], não parece estar num país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas, tão bonitas arquitetonicamente e têm um povo tão extraordinário como tem essa cidade [...]. A visão que se tem do Brasil e da América do Sul é de que somos todos índios e pobres. A visão que se tem da África é de que também é um continente só de pobre (Correio Braziliense, 2003: 2).2º Passo: Descontruir a idéia que civilização e civilidade está apenas ligado à cidade.3º Passo: Expor ao aluno que o conceito de cidade também é variável, e que na África ela apresenta suas especificidades.4º Passo: Comparar dois mapas da África Antiga e Medieval – a existência de cidades ou não. Em um dos mapas mostra apenas feitorias e cidades na costa e outros que mostra cidades no interior do continente. Analisar dois mapas, que falam da África: um eurocêntrico e outro de historiografia atual.5º Passo: Exibição de fotos sobre as cidades africanas. 4 – Exibir fotos dessas cidades.
IV – Recursos Didáticos:Quadro e GizMaterial Xerografado com coletânea de textos, relatos e descrições dos viajantes no continente africano.Data Show com fotos de cidades africanas.
V – Avaliação:Solicitar aos alunos que façam perguntas dissertativas sobre a aula.Faça um quadro das cidades com sua localização, função da cidade, descrição da cidade.Localize no mapa as cidades descritas pelos viajantes no continente africano.
VI – Bibliografia: ANJOS, Rafael Sanzio. A utilização dos recursos da cartografia conduzida para uma África desmistificada. Revista Humanidades, São Paulo, n.22, Retratos da África, 1989, p.12-32. BALOGUN, Ola. Forma e Expressão nas Artes Africanas. In: (idem) Introdução à Cultura Africana. Luanda: Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1977. p.80-81. GIORDANI, Mário Curtis. História da África Anterior aos Descobrimentos. Petrópolis: Vozes, 1985. p.77-117. KIZERBO, Joseph. História da África Negra. Lisboa: Europa América, s.d. p.133-141. NIANE, D. T. (org.) História Geral da África, A África do século XII ao século XVI, Vol. IV. São Paulo: Ática: 1981.
OLIVA, Anderson. A História da África nos bancos escolares. Representações e imprecisões na literatura didática. Estudos Afro-Asiáticos, 3 (25): Rio de Janeiro, 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2003000300003>. Acesso em 08 jun. 2008. SOUZA, Marina de Mello. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2006.
WIKIPEDIA. Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Gondar>. Acesso em: 08 jun. 2008.
Relatos e Descrições de Viajantes e Aventureiros Muçulmanos e Europeus das Cidades Africanas
Pela historiografia tradicional eurocêntrica, a África só aparece na “história mundial” com a chegada dos portugueses, no século XV. Alia-se a esta concepção o episódio da escravidão que reforça a idéia de que os africanos são povos tribais e levam uma vida selvagem, e que eram capturados por caçadores de escravos na selva. Porém sempre existiram cidades, vida urbana e comércio entre africanos, e africanos e o Velho Mundo. Os egípcios são considerados os maiores arquitetos do mundo pré-industrial. Alguns relatos de muçulmanos e europeus deixaram descrições sobre como se organizava as cidades africanas.Os textos dos egípcios muçulmanos prestam-nos informações sobre os núbios cristãos. Um deles, pouco antes do ano 1000 d.C., descreve Soba, capital de Alodia, como uma cidade de “belos edifícios, grandes mosteiros, igrejas decoradas a ouro, muitos jardins”. Acrescenta que Alodia era rica em cereal e possuía muitos cavalos e camelos e que os eruditos escreviam núbio com o alfabeto grego, querendo ele dizer um alfabeto copta modificado.Zeila (ao norte da Somália) foi visitada por Ibn Batuta (1331) que não gostou da cidade “por causa do cheiro de peixe e do abate de camelos para carne”. O seu navio chegou ali ao entardecer; os passageiros preferiram pernoitar a bordo.Socotora foi fundada em 834 por migrantes expulsos do Delta do Eufrates e instalaram-se em Socotora e passaram a exercer a pirataria.Mogadiscio (atual capital da Somália) foi lugar do refúgio dos Emosaids, partidários de Said (bisneto de Ali, o genro de Maomé) expulsos de Meca que fundam então a cidade em 740 d.C. Quando Ibn Batuta a visitou achou-a “uma cidade enorme”. AObeid Allah Yahut, em seu dicionário da Geografia Universal a descreve como uma cidade árabe, rica e industrial; “nela se fabricam formosos tecidos que se conhecem com o mesmo nome da cidade donde procedem e são inigualáveis; são exportados para o Egito e outros lugares”.Situada Numa pequena ilha junto da costa da parte sul da atual Tanzânia, a cidade de Quiloa teria sido fundada provavelmente em 957 por Ali ben Sultan Hassan ben Ali, filho do sultão Schiras, que com seis filhos e centenas de colonos abandonou a Pérsia e foi tentar a sorte na África. Seus descendentes e o povo com eles relacionados chamam-se Schirasi. No século XII os Schirazi controlam o comércio do litoral e o sultão de Quiloa cunha moedas próprias. Compreende-se que a cidade tinha gozado de grande fama. Ibn Batuta visitou-a em 1332 e descreveu-a como uma cidade elegante e bem construída. Quiloa era então o principal centro do comercio do ouro e do marfim da África Oriental. Na época da visita Hassan II rei de Quiloa vivia no esplendor: o palácio de Husuni de muitas salas, imediatamente fora do principal aglomerado da ilha de Quiloa. Ali entre outros sinais de luxo, havia uma grande piscina octogonal no cimo de uma falésia. A principal mesquita de Quiloa, hoje parte dela em ruínas, era já um magnífico edifício de muitas cúpulas e colunas. Reis de Quiloa posteriormente aumentaram-na ainda mais.Sofala – descrita como “Sofala do ouro”. Al Masudi visitou-a no século X. Além do ouro negociava-se também marfim de elefantes e de rinocerontes, âmbar, peles de leopardo e ferro. Os árabes adquiriram aí o ferro “dos ferreiros negros para revende-lo a Índia, donde passa para a Pérsia e Arábia onde se temperam as famosas espadas de Damasco que chegam até a Andaluzia e Toledo; o que prova a alta qualidade da siderurgia africana”. o português Duarte Barbosa assim descreve Sofala no inicio do século XVI: “é habitada por mouros (refere-se aos suaíles muçulmanos) que são negros e alguns deles são acastanhados; alguns falam arábico, mas a maior parte usa a língua do país. Vestem roupas de algodão e seda da cintura para baixo e outros usam capas à volta dos ombros e varias espécies de barretes”.Kumbi Saleh -TomboctouAudaghost – o bem estar desta povoação, a formigar de transações, rodeada de hortas, em que abundavam os pepinos, e de palmeiras e grande quantidade de figueiras, estabelecia uma cortina de proteção contra o calor do deserto e a sua importância como centro islâmico dotado de uma mesquita-catedral (djamé) e de numerosas mesquitas mais pequenas foi celebrada por Al-Bakri: “a criação de carneiros de bois é aí particularmente próspera. Por um simples mitkal podem-se comprar pelo menos dez carneiros. Encontra se muito mel que vem do país dos negros. As gentes vivem desafogadamente e possuem muitos bens. O seu mercado é sempre muito animado. A multidão é tão densa, o calor tão forte, que mal se ouve o que o vizinho diz. As compras são pagas em ouro em pó, pois não existe moeda de prata. Encontram-se belas construções e casas muito elegantes. A população é na maioria berbere. A cozinha deliciosa preparada pelas mulheres e a graça proverbial das raparigas da terra”. O rei de Audaghost é o soberano dos berberes do Saara Ocidental e de vinte e três reis negros que lhe pagam tributo; seu império se estende sobre o equivalente a dois meses de viagem de norte a sul e de leste a oeste. Conta com um exército de cem mil guerreiros montados sobre camelos de raça.Niani – Ibn Batuta chama a atenção para o fato da capital do Mali é o ponto de convergência de três civilizações: sudanesa, egípcia e magrebiana.Kano – segundo Leão, o Africano, a cidade era cercada por uma muralha feita de vigas de madeira e barro calcado e as casas são feitas dos mesmos materiais. Os habitantes são civilizados artífices e ricos mercadores.DjenneMoptiMeróe, NapataAxumGondar – maior que Bizâncio. Conhecida como “Camelot Africana”. Durante o século XVII, a população estimada era de 60.000 habitantes, o que a tornava a 2ª maior cidade do mundo. Em 1678 durante a visita do bispo armênio Hovannes ele notou que a cidade é duas vezes maior que Constantinopla.Zanzibar, LamuOió, Ifé, IbadanLoango, Mbanzacongo, Zimbábue
Fonte. Acesso: 17/12/2008

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