A pintura da renascença ainda esteve marcada por valores fortemente religiosos.
No estudo do período Renascentista, a explicação dos valores dessa época é muitas vezes colocada em simples contraposição aos ideais vigentes no período medieval. Ao destacar o racionalismo e humanismo, professores e alunos podem estabelecer a idéia de que o Renascimento irá simplesmente reverter os valores da época medieval, trazendo à tona uma concepção de mundo contrária. Entretanto, a passagem do período medieval para a Idade Moderna não pode ser vista com base em uma simples oposição. Esse tipo de visão precipitada acaba realizando a construção de um tempo histórico em estaque, onde um período rompe totalmente com os valores do passado. Dessa maneira, a história acaba perdendo sua feição própria, pois os homens de uma época fazem escolhas onde promovem importantes rupturas, mas também estabelecem a preservação de certos valores e hábitos provenientes do passado. Por isso, as “novidades” e “permanências” do Renascimento devem ser cuidadosamente apreciadas. A proposição desse tipo de exercício reflexivo em sala de aula pode ser viabilizada com a seleção de algumas pinturas renascentistas. Em um trabalho com as artes do Renascimento, o professor pode mostrar, por exemplo, como a valorização de temas ligados ao homem (humanismo) poderia ser visto caminhando lado a lado das temáticas religiosas tão marcantes no período medieval. Para tanto, recomendamos a utilização dos quadros “O Cristo morto com anjos”, do pintor Rosso Fiorentino; e “A lamentação sobre o Cristo Morto”, de Andrea Mantegna. A escolha dessas pinturas tem uma significação muito peculiar, pois os artistas escolhidos pertencem às duas últimas fases do Renascimento. Ambos os quadros carregam uma forte temática religiosa onde temos a visualização de uma mesma passagem bíblica que marca a narrativa de Jesus Cristo nos Evangelhos.
”A lamentação sobre o Cristo Morto”
”O Cristo morto com anjos”
Ao mesmo tempo, a observação dos quadros pode ser explorada em relação às formas pelas quais a figura de Cristo é representada no quando de Fiorentino e Mantegna. Valorizando pequenos detalhes da obra, o professor pode demonstrar como o humanismo pode ser contemplado em uma pintura tão carregada de símbolos e sentidos sagrados. Nesse momento, recomendamos a proposição de uma atividade que peça aos alunos o registro dos detalhes mais impressionantes das obras.
Após esse momento de análise e registro das obras, o professor pode pedir que alguns de seus alunos leiam as impressões que tiveram sobre os quadros. Ao longo do processo de exposição, valorize os comentários que destaquem a riqueza de detalhes na representação dos corpos e da feição das personagens. São nesses elementos que o professor pode destacar o sentido humano das obras que mostram comportamentos e expressões intimamente vinculadas ao cotidiano do homem.
Com isso, a turma pode vislumbrar nestas obras como a religiosidade não foi simplesmente banida do pensamento moderno com o advento da Renascença. Dessa maneira, o conteúdo pode ser exposto de forma a evitar determinadas generalizações e preconceitos que prejudicam a compreensão da passagem da Idade Média para o Renascimento.
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