Para os alunos que desejam participar da 1ª Olimpíada Nacional de História. Essa é a segunda parte da pré-seleção.
As respostas deverão ser enviadas por e-mail até o dia 25/08.
Crises do Sistema Capitalista
Leia as avaliações abaixo, que foram feitas por importantes intelectuais nacionais e estrangeiros, acerca da crise financeira e econômica vivida pelo sistema capitalista mundial nos dias de hoje.
“Já faz alguns anos que os Estados Unidos vêm perdendo sua posição hegemônica dentro da economia global. Eles perderam sua dominância na manufatura nas décadas de 70 e 80, e agora estão perdendo sua dominância nas finanças, bem como sua influência política e autoridade moral (que estão sendo parcialmente recuperadas agora, pela eleição de Obama). A única coisa que restou é o poder militar, e ele é limitado em terra, como vemos no Iraque e no Afeganistão.”
Leia as avaliações abaixo, que foram feitas por importantes intelectuais nacionais e estrangeiros, acerca da crise financeira e econômica vivida pelo sistema capitalista mundial nos dias de hoje.
“Já faz alguns anos que os Estados Unidos vêm perdendo sua posição hegemônica dentro da economia global. Eles perderam sua dominância na manufatura nas décadas de 70 e 80, e agora estão perdendo sua dominância nas finanças, bem como sua influência política e autoridade moral (que estão sendo parcialmente recuperadas agora, pela eleição de Obama). A única coisa que restou é o poder militar, e ele é limitado em terra, como vemos no Iraque e no Afeganistão.”
(David Harvey, in: IHU On-Line, n. 287, São Leopoldo, 30 de março de 2009, p. 6.)
“A redução da atividade econômica, promovida pela crise, oferece uma espécie de trégua na guerra que o capital trava contra a preservação da natureza. Pode ser uma tré gua, mas jamais a paz. Como uma parte não desprezível da humanidade ainda carece de meios para satisfazer suas necessidades essenciais, um modo de produção que vise ao bem-estar de todos não pode abrir mão do crescimento econômico.”
(Paul Singer, in: IHU On-Line, n. 287, São Leopoldo, 30 de março de 2009, p. 8.)
“Nos países emergentes, a situação é muito variável. Nações com um forte mercado interno e uma boa balança comercial podem dirigir o crescimento das exportações aos consumos privados, mas principalmente públicos.”
(Mario Deaglio, in: IHU On-Line, n. 287, São Leopoldo, 30 de março de 2009, p. 14.)
“A crise atual, apesar de suas especificidades e gravidade, não nos ensina nada do que já não sabíamos há muito tempo. O capitalismo é essencialmente um sistema irracional, instável e injusto.”
(Reinaldo Gonçalves, in: IHU On-Line, n. 287, São Leopol do, 30 de março de 2009, p.20)
A partir da leitura das opiniões acima, sobre a crise que o Capitalismo vem sofrendo neste início do século XXI, e de seus conhecimentos sobre a história do século XX, responda às questões abaixo formuladas:
a) Comparando a crise econômica e financeira atual com a crise que abalou profundamente o capitalismo no final dos anos vinte do século passado (“Crise de 1929”), cite três diferenças significativas entre a circunstância atual e aquele momento da história, especialmente para os Estados Unidos.
b) Cite três ações que o atual governo do Presidente Lula implementou como decorrência da crise internacional e que têm por objetivo diminuir o impacto da crise na economia e na sociedade brasileira.
c) Que motivações (cite pelo menos duas) podem ser elencadas para o desencadeamento da criseA partir da leitura das opiniões acima, sobre a crise que o Capitalismo vem sofrendo neste início do século XXI, e de seus conhecimentos sobre a história do século XX, responda às questões abaixo formuladas:
a) Comparando a crise econômica e financeira atual com a crise que abalou profundamente o capitalismo no final dos anos vinte do século passado (“Crise de 1929”), cite três diferenças significativas entre a circunstância atual e aquele momento da história, especialmente para os Estados Unidos.
b) Cite três ações que o atual governo do Presidente Lula implementou como decorrência da crise internacional e que têm por objetivo diminuir o impacto da crise na economia e na sociedade brasileira.
Literatura e crise.
– (...) A dificuldade da situação está em que esta nova estrutura da indústria se baseia num estímulo permanente do desejo de mais, mais, mais coisas. Enquanto o povo responder ao estímulo que a propaganda incessante e habilíssima organizou, a indústria crescerá, as empresas distribuirão dividendos, suas ações se conservarão em alta na Bolsa. O consumo intensíssimo constitui o alicerce da prosperidade. No dia, porém, em que o eretismo do consumo fraquejar, teremos uma crise catastrófica, de proporções jamais imaginadas.
– Poderá fraquejar? perguntei especulativamente, porque não via nenhum sintoma disso.
– Acho que vai fraquejar, que é fatal a crise. O ímpeto do “mais” deu no excessivo. O mal-estar por excesso de coisas, que você sente, todos acabarão sentindo. Tudo cansa, até ter.
O que estamos assistindo na América de após-guerra é uma verdadeira bacanal de consumo. Pura orgia. A liquidação do próprio homem elevada à categoria de ciência é sereia que tem conseguido manter em estado de frenesi a ânsia de adquirir coisas, úteis ou inúteis, boas ou más, desejadas realmente ou compradas por arrastamento. Vejo, entretanto, um ponto perigoso no sistema. O povo já está comprando a crédito, já está sacando sobre o futuro. O operário que adquire uma geladeira para pagar em vinte meses, está usando, como se fosse dinheiro, a probabilidade de manter-se no gozo daquele salário durante vinte meses. Venha uma perturbação econômica qualquer, tenha esse operário o seu ganho diminuído ou suprimido – e desabará sobre a América um cataclisma econômico de proporções únicas, capaz de refletir-se desastrosamente no mundo inteiro.
(LOBATO, José Bento Monteiro. América, 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1955.)
JOSÉ
E agora, José?
– (...) A dificuldade da situação está em que esta nova estrutura da indústria se baseia num estímulo permanente do desejo de mais, mais, mais coisas. Enquanto o povo responder ao estímulo que a propaganda incessante e habilíssima organizou, a indústria crescerá, as empresas distribuirão dividendos, suas ações se conservarão em alta na Bolsa. O consumo intensíssimo constitui o alicerce da prosperidade. No dia, porém, em que o eretismo do consumo fraquejar, teremos uma crise catastrófica, de proporções jamais imaginadas.
– Poderá fraquejar? perguntei especulativamente, porque não via nenhum sintoma disso.
– Acho que vai fraquejar, que é fatal a crise. O ímpeto do “mais” deu no excessivo. O mal-estar por excesso de coisas, que você sente, todos acabarão sentindo. Tudo cansa, até ter.
O que estamos assistindo na América de após-guerra é uma verdadeira bacanal de consumo. Pura orgia. A liquidação do próprio homem elevada à categoria de ciência é sereia que tem conseguido manter em estado de frenesi a ânsia de adquirir coisas, úteis ou inúteis, boas ou más, desejadas realmente ou compradas por arrastamento. Vejo, entretanto, um ponto perigoso no sistema. O povo já está comprando a crédito, já está sacando sobre o futuro. O operário que adquire uma geladeira para pagar em vinte meses, está usando, como se fosse dinheiro, a probabilidade de manter-se no gozo daquele salário durante vinte meses. Venha uma perturbação econômica qualquer, tenha esse operário o seu ganho diminuído ou suprimido – e desabará sobre a América um cataclisma econômico de proporções únicas, capaz de refletir-se desastrosamente no mundo inteiro.
(LOBATO, José Bento Monteiro. América, 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1955.)
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
Com base nos textos e em seus conhecimentos, responda ao que se pede:
a) Os três textos (a charge, o trecho do livro de Monteiro Lobato e o poema de Carlos Drummond de Andrade) abordam o mesmo tema, a crise, seja ela econômica, social ou pessoal. Cite duas diferenças e uma semelhança entre esses textos.
a) Os três textos (a charge, o trecho do livro de Monteiro Lobato e o poema de Carlos Drummond de Andrade) abordam o mesmo tema, a crise, seja ela econômica, social ou pessoal. Cite duas diferenças e uma semelhança entre esses textos.
Um abraço e boa avaliação.
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