Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

AVALIAÇÃO: GOVERNO VARGAS
O período da história brasileira conhecido como Estado Novo foi marcado por um viés extremamente autoritário. Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas, presidente da República des de 1930, fechou o Congresso Nacional e, apoiado pelo general Góes Monteiro, que neutralizou a resistência existente nas Forças Armadas, atribuiu a si mesmo plenos poderes para governar o Brasil. Uma nova Constituição, cujo intuito era garantir a autoridade máxima do presidente, foi outorgada em seguida, consolidando as bases do regime, que durou até 1945, ano em que foi realizada aprimeira eleição presidencial depois de quinze anos. O escritor Graciliano Ramos esteve preso nesse período e relatou sua experiência no livro “Memórias do Cárcere”, ao qual pertence o trecho a seguir.
Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, ca os passa dos há dez anos – e, antes de começar, digo os motivos por que silenciei e porque me dedico. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecen do cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgan do a matéria superior às mi nhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá.
Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim os hábitos de um decênio de ar rocho, me impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos-de-fé. Em ge ral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e dis- to escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não haverem for- jado coisas excelentes por falta deliberdade – talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou pre- guiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a delegacia de ordem política e social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível acharmos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores dos sustentáculos dela, indulgen tes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequeno fascismo tupinambá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu de escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício. (RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954).
(http://www.arara.fr/memorias%20do%20carcere.jpg. Acesso em 10/9/2006)
TAREFA
O golpe de 10 de novembro de 1937, realizado pelo próprio Presidente da República, com o apo- io de setores civis e militares da sociedade, acabou por implantar um regime de exceção (ditadu ra) que durou até 1945. Sobre esta fase (1937-45) do primeiro governo de Getúlio Vargas, responda às duas perguntas abaixo:
a) No cenário internacional, que acontecimentos relevantes estão inseridos neste contexto e qual a posição do Governo de Getúlio Vargas frente a eles?
b)No cenário brasileiro, que medidas de impacto foram tomadas por seu governo e que estão associadas ao fortalecimento da economia nacional e à ampliação dos direitos sociais?

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