Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

sábado, 22 de agosto de 2009

A República de Manhuaçu

A república silenciada
Historiador mineiro lança livro sobre a República de Manhuaçu, criada no final do século XIX em Minas Gerais.

Adriano Belisário

Enquanto o centenário de Euclides da Cunha direciona as atenções para a Guerra de Canudos, outro movimento contemporâneo contra a república brasileira está preste a ser popularizado através do livro ‘A República do Silêncio - Manifestações do poder local no leste de Minas’. Escrita pelo historiador Flávio Matheus dos Santos, a obra aborda a trajetória da República de Manhuaçu, proclamada em 1896 em uma das maiores cidades de Minas Gerais na época.
Prefeito de São Lourenço do Manhuaçu desde 1892, o coronel Serafim Tibúrcio da Costa perdeu o cargo após disputar a reeleição com o padre Odorico Dolabela. Acusando fraudes, Tibúrcio levou o caso ao governador mineiro Crispim Jaques, que lhe negou apoio. A recusa fez o coronel recrutar alguns homens e expulsar da cidade os representantes oficiais. Estava criada a República de Manhuaçu. “Foram 22 dias deste governo. Tibúrcio tinha ideais republicanas. Ele fez esse movimento na base da euforia com cerca de 400 moradores e outros jagunços da região”, explica Flávio.
Apesar de ter durado pouco, a República chegou a ter moeda própria e venceu três investidas do governo local. Foi preciso que o presidente Prudente de Morais mobilizasse as tropas federais para pôr fim aos planos de Serafim Tibúrcio. Com a cidade cercada, o coronel foi dissuadido e rumou em direção às matas do Espírito Santo ao lado de alguns companheiros. No entanto, segundo Flávio Matheus, os impactos do levante perduraram: - Estou pesquisando as hipóteses de as transferências da capital do estado de Ouro Preto para Belo Horizonte em 1898 e de 17 municípios do Espírito Santo para Minas se relacionarem com o a República de Manhuaçu.
Durante a pesquisa de Flávio, a escassez de referências foi compensada pelo envolvimento pessoal com o episódio histórico. “Sou tetraneto do coronel João do Calhau de Ipanema, que apoiou Tibúrcio. Fiz os estudos usando basicamente registros orais e notícias de jornais da época. Essa história repercutiu em muitas famílias, mas as pessoas ficaram inibidas de falar com medo de atingir certas pessoas que estavam no poder. O livro se chama ‘República do Silêncio’ por isto”, explica.A obra tem como base a dissertação de mestrado de Flávio Matheus. O lançamento está previsto para setembro pela Editora do Centro Universitário de Caratinga. Também está sendo preparado um documentário sobre o tema, ainda em fase de captação de recursos. A expectativa de Flávio é que venham à tona novas visões sobre a região: - A cidade de Afonso Cláudio, no Espírito Santo, também teve uma experiência semelhante. O caso de Manhuaçu ajuda a explicar muito da política do leste mineiro naquela época. A República de Manhuaçu é apenas a ponta do iceberg.

Para saber mais:
O poder local em minas gerais (1877 – 1896). E a inusitada experiência da “república Manhuassu” (10/05/1896 – 03/06/1896). In: Revista Discente do Programa de Mestrado da Universidade Severino Sombra. pp.37 à 42
Fonte: http://www.uss.br/web/arquivos/caminhos2007-Vol3-N2.pdf Acesso:22/08/2009

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