Em plena ditadura militar, o Brasil venceu a Copa do Mundo realizada no México em 1970.
A seleção canarinho tomou-se tricampeã mundial, um feito inédito na história do futebol
As relações entre esse esporte e a política sempre alimentaram muitas polêmicas. Para alguns intelectuais, o futebol serviria para mascarar a realidade e pôr em segundo plano violência praticada pelo Estado policia.
A vitória da seleção poderia ficar restrita às discussões sobre a eficiência do time de Pelé, Tostão, Carlos Alberto e Rivelino. Porém, durante o governo Médici, havia a campanha ufanista do "Pra frente, Brasil", que pretendia divulgar a ideia de um Brasil em pleno desenvolvimento, para a qual contribuíam a construção da Transamazônica, das usinas hidrelétricas e outras obras. A seleção vitoriosa era a personificação desse sonho de "Brasil grande".
Em meio às perseguições aos opositores e à prática da censura, a propaganda oficial apresentava os resultados econômicos da era do "milagre econômico". O êxito na economia e a conquista da Copa foram capitalizados pela ditadura.
Como não podia haver crítica nem existia liberdade de opinião e expressão, alimentou-se o ufanismo. Defender o país e o governo era quase obrigatório, no passo do slogan mais repetido à época: "Brasil: ame ou deixe-o".
A televisão
No início da década de 1970, a televisão era um veículo popular nas classes médias dos centros urbanos. Os jogos da Copa do México foram os primeiros a ser transmitidos pela TV, em rede nacional, embalados pelo hino:
Noventa milhões em ação,
Pra frente Brasil,
Do meu coração...
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil,
Salve a Seleção!
De repente
É aquela corrente pra frente,
Parece que todo o Brasil deu a mão...
Todos ligados na mesma emoção...
Tudo é um só coração!
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil!
Brasil!
Salve a Seleção!!!
Aparentemente singela, essa canção composta por Miguel Gustavo reforçava a noção de país unido com um único objetivo, numa mesma emoção. A propaganda ditatorial tinha uma mensagem semelhante: os que divergiam governo eram considerados inimigos. A “corrente pra frente" do futebol vinculava-se "Brasil grande" dos militares que governavam o país. O autoritarismo pegava carona na euforia festiva.
Uso político
É importante observar que o uso político de um esporte popular, como o futebol, não ocorre por uma só via. Torcer pela seleção brasileira não significa alienação das diculdades do país. E, inversamente, ser consciente dos problemas nacionais não implica torcer pelo fracasso do time brasileiro.
Todavia, no caso do governo Médici, o uso político foi facilitado por estarmos numa ditadura e o governo ter o controle total dos meios de comunicação. O país de Terceiro Mundo que se transformava numa potência futebolística podia, por associação, tornar-se uma potência militar, política e econômica.
O presidente Médici recebeu o time campeão em Brasília e começou a apoiar a Confederação Brasileira de Desporto (CBD), a atual CBF, que a partir de 1971 passou a organizar o campeonato nacional. Em 1979, 94 times disputavam o título nacional. O próprio presidente da CBD, Heleno de Barros Nunes, ao explicar o crescimento da competição, sintetizou a aproximação entre o governo e os dirigentes esportivos: "Onde a Arena vai mal, mais um clube no Nacional".
Se a Arena, o partido governista, perdia apoio e seu poder eleitoral diminuía, à medida que a ditadura caminhava para o fim, o governo investia na construção de estádios e no fortalecimento dos clubes de futebol de todo o país.
Aparentemente singela, essa canção composta por Miguel Gustavo reforçava a noção de país unido com um único objetivo, numa mesma emoção. A propaganda ditatorial tinha uma mensagem semelhante: os que divergiam governo eram considerados inimigos. A “corrente pra frente" do futebol vinculava-se "Brasil grande" dos militares que governavam o país. O autoritarismo pegava carona na euforia festiva.
Uso político
É importante observar que o uso político de um esporte popular, como o futebol, não ocorre por uma só via. Torcer pela seleção brasileira não significa alienação das diculdades do país. E, inversamente, ser consciente dos problemas nacionais não implica torcer pelo fracasso do time brasileiro.
Todavia, no caso do governo Médici, o uso político foi facilitado por estarmos numa ditadura e o governo ter o controle total dos meios de comunicação. O país de Terceiro Mundo que se transformava numa potência futebolística podia, por associação, tornar-se uma potência militar, política e econômica.
O presidente Médici recebeu o time campeão em Brasília e começou a apoiar a Confederação Brasileira de Desporto (CBD), a atual CBF, que a partir de 1971 passou a organizar o campeonato nacional. Em 1979, 94 times disputavam o título nacional. O próprio presidente da CBD, Heleno de Barros Nunes, ao explicar o crescimento da competição, sintetizou a aproximação entre o governo e os dirigentes esportivos: "Onde a Arena vai mal, mais um clube no Nacional".
Se a Arena, o partido governista, perdia apoio e seu poder eleitoral diminuía, à medida que a ditadura caminhava para o fim, o governo investia na construção de estádios e no fortalecimento dos clubes de futebol de todo o país.
O futebol a serviço da ditadura
(...)
Embalada pela conquista no México, a ditadura organizou em 1972 a Taça da Independência para comemorar o sesquicentenário da emancipação política do Brasil. (...) Com o sucesso da seleção, a CBD organizou cinco amistosos em 1971, dez em 1973 e nove em 1974, considerando apenas os jogos contra selecionados nacionais. Articulada à política de integração nacional a CBD passou a organizar o campeonato brasileiro (...) com vinte clubes. Foram construídos trinta estádios entre 1972 e 1975. Mas a elevação dos preços do petróleo no mercado mundial em 1974 trazia de volta a inflação e o endividamento externo, revelando os limites do "Milagre Econômico" e tornando visíveis os sinais e desgaste da ditadura. (...) Justamente porque a economia e o futebol nacional não iam bem em 1974.
Franco Júnior, H. A dança dos deuses: futebol, cultura e sociedade. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 144 In: Para Viver Juntos: História, 9° Ano - 1° Ed. - São Paulo: Edições SM
Sites:
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u96.jhtm
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/116/pra-frente-brasil-copa-do-mundo-e-ditadura-no-brasil.html
http://jeocaz.wordpress.com/2010/06/07/copa-de-1970-e-a-ditadura-militar/
http://www.cidadedofutebol.com.br/Jornal/Noticias/Detalhe.aspx?id=11140
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/116/pra-frente-brasil-copa-do-mundo-e-ditadura-no-brasil.html
http://jeocaz.wordpress.com/2010/06/07/copa-de-1970-e-a-ditadura-militar/
http://www.cidadedofutebol.com.br/Jornal/Noticias/Detalhe.aspx?id=11140
Filmes:
O ano em que meus pais saíram de férias.
Pra frente, Brasil.
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