Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

terça-feira, 7 de abril de 2009

EXERCÍCIOS - SÉCULO XIV

Segue abaixo uma série de exercícios sobre a crise do feudalismo.
Exercícios elaborados pela profª: Camila C. Flausino UNED-CEFET MG
Exercícios sobre “A Crise do Feudalismo”
1)Quais foram as razões naturais da crise do feudalismo a partir do século XIV? E as razões de ordem social e econômica?

2)O relato a seguir descreve o funcionamento de uma escola medieval. Leia o texto para depois discutir as questões propostas:
Eu vejo uma reunião de estudantes; seu número é grande, há de todas as idades; há crianças, adolescentes, moços e velhos [...]. Seus estudos são diferentes; uns exercitam sua língua inculta a pronunciar novas palavras e a produzir sons que lhes são insólitos. Outros aprendem, em seguida, ouvindo, as inflexões dos termos, sua composição e sua derivação [...]. outros trabalham com um estilete em tábuas revestidas com cera. Outros traçam com mão sábia, sobre membranas, diversas figuras de cores diferentes. [...] Outros, a tanger uma corda esticada sobre um pedaço de madeira, tirando dela melodias variadas. Outros, explicando certas figuras de geometria. Outros, com o auxílio de certos instrumentos, o curso e a posição dos astros e a revolução dos céus. Outros tratando da natureza das plantas, da constituição dos homens, das propriedades e virtudes de todas as coisas.
Huges de Saint-Victor. De vanitate mundi. In: Jaime Pinsky. 100 textos de história antiga. São Paulo: Contexto, 1989. p. 125.
a)Identifique o tipo de pessoa que freqüentava essa escola e as várias atividades (profissões) ali realizadas.
b)Você considera que essas informações reforçam a idéia de “Idade das Trevas” relacionada por alguns ao mundo medieval ou acha que se contrapõem a essa visão? Por quê?

3) “Ao nosso muito querido amigo, o glorioso conde Hatton: ... Um dos vossos servos, de nome Huno, veio à Igreja dos santos mártires pedir mercê pela falta que cometeu contraindo casamento, sem vosso consentimento, com uma mulher de sua condição que é também vossa serva. Vimos pois solicitar a vossa bondade para que useis de indulgência (perdão) em relação a este homem.”
A carta acima, escrita por um monge que viveu entre os anos de 770 e 840, expressa relações de poder na sociedade medieval. Após a leitura do trecho, responda:
a) Apresente e explique a condição do servo na estrutura de poder da sociedade feudal.
b) Cite e explique o mais pesado imposto devido pelos servos a seu senhor.
c) Apresente e explique o papel da Igreja nessa hierarquia.

4)A oitava e última Cruzada realizou-se em 1270 e resultou em fracasso. Apesar do enorme número de mortes que provocaram as Cruzadas não alcançaram os objetivos pretendidos. Entretanto, seu significado para a história econômica e social da Europa foi muito importante. Comente esse significado.

5)Leia o trecho a seguir e em seguida:
“No ano do Senhor de 1349 houve em quase toda a superfície do globo uma tal mortalidade como raramente se terá conhecido outra. Com efeito, os vivos mal chegavam para enterrar os mortos ou evitavam-nos com horror.”
(De um texto do papa Clemente VI. Em: Gustavo Freitas. 900 textos e documentos históricos. Lisboa: Plátano, s.d.v.1, p.174.)
Responda: A que conjunto de acontecimentos se refere esse documento e como ele contribuiu para a dissolução do feudalismo?

6)Em um breve parágrafo, estabeleça a relação entre o surgimento das cidades medievais e da burguesia.

7)Leia o texto sobre a Burguesia e o trecho da música “Burguesia” de Cazuza (Anexo). A seguir responda:
a)Compare o significado que a palavra “burguês” tinha no período medieval ao que ela passou a ter após o século XIX.
b)Com relação a letra da música, qual crítica social o compositor apresenta?
c)Na sua opinião, quem é a “burguesia” que a letra da música apresenta? Por quê? Em que ela se distingue do “bom burguês” para o compositor?

8)Leia o texto abaixo e em seguida responda:
Entre meados do século XII e meados do século XIII, o aumento das condenações da usura é explicada pelo temor da Igreja ao ver a sociedade abalada pela proliferação das práticas usurárias. O terceiro concílio de Latrão (1179) declara que muitos homens abandonam sua condição social, sua profissão, para tornarem-se usurários. No século XIII, o papa Inocêncio IV e o grande canonista Hostiensis temem a deserção dos campos, devido ao fato de os camponeses terem se tornado usurários ou estarem privados de gado e de instrumentos de trabalho pelos possuidores de terras, eles próprios atraídos pelos ganhos da usura. A atração pela usura faz aparecer a ameaça de um recuo da ocupação dos solos e da agricultura, e com ela o espectro da fome.
(Jacques Le Goff. A bolsa e a vida: a usura na Idade Média. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 25).
a)O que é usura?
b)Por que a Igreja medieval condenava a prática da usura?
c)Relacione a prática da usura com o desenvolvimento do pré-capitalismo no final da Idade Média.

Burguesia
No século XIII com o fim das Cruzadas ocorreu uma grande alteração no quadro econômico europeu que resultou na abertura do Mar Mediterrâneo e no chamado Renascimento Urbano e Comercial. Todas estas mudanças ajudaram a colocar um ponto final no já decadente Sistema Feudal.
Com as Cruzadas surgiram as primeiras rotas comerciais formadas pelos antigos cavaleiros que, ao retornarem a Europa, iam saqueando as cidades orientais e vendendo as mercadorias adquiridas (jóias, tecidos, temperos, etc.) pelo caminho. Durante esse período, estes mesmos mercadores, como forma de proteção, começam a construir cidades protegidas por muralhas, conhecidas como burgos. Os burgos abrigavam também os camponeses, que com a decadência do feudalismo e consequente perda de poder dos senhores feudais, deixam os feudos e buscam refúgio nestas fortalezas. Originalmente, o termo burguês era usado para se referir a estas pessoas que residiam nos burgos. Mas aos poucos o termo passou a ser usado para designar um grupo que começava a se estabelecer como força econômica, a transformar os meios de produção e que se dedicava às atividades comerciais. Esses comerciantes tinham o lucro como objetivo, chamado também de usura, prática que por muito tempo foi condenada pala Igreja Católica, a maior instituição da época. Do ponto de vista ético, a prática da usura também era vista como desonesta pela maioria das culturas e civilizações da época.
Nos séculos XVII e XVIII a burguesia teve grande importância no declínio do sistema absolutista apoiando diversas revoluções, que ficariam conhecidas como revoluções burguesas, como, por exemplo, a Revolução Inglesa e a Revolução Francesa, deixando assim, o caminho livre para a expansão do capitalismo e para a propagação da “filosofia burguesa”, da qual se originaram os conceitos de livre comércio, liberdade pessoal, direitos religiosos e civis.
Conforme o comércio e a economia se expandiam, crescia também o poder e o domínio desta classe, fato que foi consolidado com a Revolução Industrial no século XVIII; a partir deste ponto o capitalismo industrial se afirmou como sistema econômico mundial, e a divisão da sociedade entre burguesia e proletariado se tornou ainda mais evidente.
Com a aparição da doutrina marxista, a partir do século XIX, a burguesia passou a ser identificada como a classe dominante do modo de produção capitalista e, como tal, lhe foram atribuídos os méritos do progresso tecnológico, mas foi também responsabilizada pelos males da sociedade contemporânea. Os marxistas cunharam também o conceito de "pequena burguesia", que foi como chamaram o setor das camadas médias da sociedade atual, regido por valores e aspirações da burguesia.
Pela forte carga ideológica que o termo hodiernamente acarreta, falar em burguesia para períodos anteriores ao século XVII constitui, senão um erro, pelo menos uma inexatidão histórica que convém precisar. Se desde o século XII há burgueses (os habitantes dos burgos), e estes paulatinamente vão fazendo do comércio a sua fonte de receitas, no entanto, para este grupo é preferível usar expressões neutras do ponto de vista ideológico, como mercadores ou comerciantes.
A ascensão do elemento burguês também se verifica através, por exemplo, do estudo - o acumular de riquezas possibilita aos filhos dos mercadores estudar nas universidades, instruírem-se, tornarem-se no corpo de letrados que auxilia o rei numa época de restauração do direito e de fortalecimento do poder real, conduziu mais tarde ao que se chamou de absolutismo. Muitos destes letrados, filhos de burgueses, que servem devotadamente o rei, são recompensados por vezes com títulos de nobreza.
ANEXO
Burguesia
Composição: Cazuza/ Ezequiel Neves/ George Israel
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelos de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras

Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal (2X)

A burguesia tá acabando com a Barra
Afunda barcos cheios de crianças
E dormem tranqüilos (2 X)
Os guardanapos estão sempre limpos
As empregadas, uniformizadas
São caboclos querendo ser ingleses (2 X)

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

A burguesia não repara na dor
Da vendedora de chicletes
A burguesia só olha pra si (2X)
A burguesia é a direita, é a guerra

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

As pessoas vão ver que estão sendo roubadas
Vai haver uma revolução
Ao contrário da de 64
O Brasil é medroso
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia
Vamos pra rua (4 X)
Pra rua, pra rua

Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo

A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados


Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
Mas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal (2X)

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Para correção das resposta. Postar nos comentários com endereço de e-mail para resposta.
Um abraço.
Alexandre.

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